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BIOLUMINESCENCE

Esse projeto corresponde ao Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Centro Universitário Belas Artes de São Paulo como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Bacharel em Artes Visuais -
Agosto, 2021 - Dezembro, 2021

Apresentado à banca avaliadora, composta por Prof. Dr. Gustavo Garcia da Palma e Prof. Me. Marcos Lopes, no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo -  Dezembro, 2021

O projeto foi reconhecido com louvor pela banca, recebeu nota máxima e indicação a publicação - Dezembro, 2021

O projeto foi exposto na BA Creative Colectibles com grande alcance no mercado de arte e arquitetura de São Paulo - Dezembro, 2021

O artigo científico decorrente desse projeto "BIOLUMINESCENCE (2021): Uma análise delineada pela Teoria Geral dos Sistemas e Teoria Semiótica" foi publicado integralmente pela Biblioteca Central Luciano Octávio Ferreira Gomes Cardim do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo - Dezembro, 2021

INTRODUÇÃO

Relevância. Problema. Objetivo.

       Enquanto ser dotado de capacidade de linguagem articulada, fabrico de instrumentos e artefatos, criação e uso de símbolos, criatividade e imaginário, a espécie Homo sapiens em nível de sociedade constrói códigos culturais e formas específicas de representações da realidade. Imprime “ao meio que habita, com base na sua percepção de mundo, toda sorte de transformações. Tais representações [...] são decisivas para a modelagem do espaço habitado e ordenação do tempo social” (WALDMAN, 2006, p.37-38). O meio natural é percebido através do conjunto de símbolos que integram essas representações em cada sociedade.
      No panorama complexo cultural, político, social e econômico contemporâneo, há apropriação dos recursos naturais de forma exploratória. Sem consciência ativa ou gestão eficaz sobre os problemas que essa atitude pode ocasionar em caráter social e/ou ambiental, culminando em um modelo de desenvolvimento que tem como retrato a degradação ambiental. A natureza, neste processo, tem sido transformada em recurso dentro do fluxo unidimensional do valor e da produtividade econômica (LEFF, 2006). Diante desse cenário, têm crescido os debates sobre desenvolvimento sustentável.
      Bioluminescence resulta de pesquisas transdisciplinares entre Biologia, Design, Arquitetura e Arte. Constitui-se em um pavilhão arquitetônico projetado para a Reserva Betary (localizada junto ao PETAR, no Vale do Ribeira- SP), região de preservação da Mata Atlântica, caracterizada por rica biodiversidade e um elevado número de espécies endêmicas, entre elas 27 das 105 espécies de cogumelos bioluminescentes no mundo, abundantes apenas durante o verão quando as condições úmidas são favoráveis ao seu desenvolvimento, em contraposição a baixos Índices de Desenvolvimento Humano e alto índice de vulnerabilidade social. A obra explora a bioconstrução micelial visando a permanência das espécies fúngicas durante todo o ano. Emerge como um ambiente de apreciação estética, relação intersemiótica e imersiva com o espectador sob a poética da relação entre o construído e o crescido. Contribui para a noção de permanência e apresenta uma forma de desenvolvimento econômico à região, com o acréscimo de um atrativo turístico, geração de empregos e rentabilidade. 

RESERVA BETARY

       A Unidade Reserva Betary está localizada no Vale do Ribeira, município de Iporanga no extremo sul do Estado de São Paulo, a cerca de 320 km da capital e a cerca de 180 km de Curitiba. O Vale do Ribeira foi reconhecido, pela UNESCO, como Patrimônio Natural da Humanidade em 1999 graças a sua diversidade (CÍLIOS DO RIBEIRA, 2011). Representa aproximadamente 21% dos 7% restantes da formação original da Mata Atlântica no mundo, consolidando a maior área de preservação contínua. A Unidade Reserva Betary corresponde 60 hectares dessa área. 
    Apesar do seu estado reduzido, a Mata Atlântica ainda é considerada um Hotspot de Biodiversidade Global e uma área prioritária de conservação. Abriga uma ampla gama de diversidade biológica, um elevado número de espécies endêmicas e a maior concentração de fungos bioluminescentes do mundo. A Reserva Betary detém 27 das 105 espécies de cogumelos bioluminescentes no mundo, embora este número esteja aumentando gradativamente à medida que novas espécies são encontradas. Em proteção e análise desses organismos, o Instituto de Pesquisas da Biodiversidade (IPBio) é responsável pela descoberta de 12 novas espécies (que estão sendo analisadas e podem ser espécies ainda não descritas), um inventário geral de cogumelos, incluindo espécies não-bioluminescentes, e estudos das flutuações sazonais e as condições climáticas que lhes permitem frutificar na natureza (IPBIO, 2017). 
   Em contraposição a esse horizonte biodiverso, a região apresenta baixos Índices de Desenvolvimento Humano e é classificada entre as cidades de maior índice de vulnerabilidade social (CAMPOS, 2013). Em seu site, o próprio Instituto de Pesquisas da Biodiversidade anuncia a importância da criação e implantação de um espaço de viés ecológico com foco sobre a bioluminescência que possa contribuir à economia da região.

24°35’16”S 48°37’43”W

Localização:
Iporanga - SP
Área:
600.000m²

Vegetação:
Mata Atlântica
Clima:
Tropical litorâneo

Biologia. Design. Arquitetura. Arte.

BIOLUMINESCENCE

Composição. Conectividade. Estrutura. Integralidade. Funcionalidade. Organização. 

CONIC Inciação Científica.jpg

Acesse o modelo 3D (maquete virtual):

COMPOSIÇÃO

     Bioluminescence resulta de pesquisas transdisciplinares entre Biologia, Design, Arquitetura e Arte. Parto, inicialmente, da Biologia para estudo aprofundado das espécies de cogumelos bioluminescentes enquanto seres que o inspiram e o compõem. Deste estudo, ressaltam-se condições de sobrevivência, morfologia e bioluminescência.

CONDIÇÕES DE SOBREVIVÊNCIA

    Os fungos bioluminescentes podem ser encontrados em florestas temperadas e tropicais, desde que as temperaturas sejam entre 20 ˚C a 30 ˚C, a umidade seja elevada e que haja material lignocelulósico em decomposição (OLIVEIRA et al., 2013).

MORFOLOGIA

    Quanto à morfologia, os táxons de Mycena são caracterizados por apresentarem basidiomas pequenos a médios, normalmente frágeis e delicados. O píleo pode ser cônico a campanulado, transparente-estriado, podendo ter a superfície seca, úmida, víscida ou glutinosa, e glabra, pruinosas, granulosa, flocosa ou com pequenas escamas em forma de espinhos. As lamelas podem ser livres (raramente) a decorrentes. A esporada é branca a creme. O estipe é central e oco (ARAVINDAKSHAN; MANIMOHAN, 2015; COOPER, 2018; PERRY, 2002). Micromorfologicamente, as espécies de Mycena possuem basidiósporos globosos a elipsoides, de parede lisa, amiloides ou inamiloides em reagente de Melzer. Os basídios são normalmente bi- ou tetraesporados. A maioria das espécies possui queilocistídios fusoide-ventricosos ou clavados, lisos ou com divertículos; os pleurocistídios geralmente apresentam morfologia similar aos queilocistídios, ou são ausentes. A superfície do píleo pode ser do tipo cutis com hifas infladas lisas ou ornamentadas, e a hipoderme também é composta de hifas grandes e infladas, dextrinoides em reagente de Melzer. As hifas da superfície do estipe são similares às da superfície do píleo. Desta forma, as hifas crescem na direção oposta ao próprio micélio, o que otimiza a eficiência do forrageamento e direciona o crescimento do organismo para novos espaços do substrato, de forma indeterminada, maximizando a sua utilização. Por fim, isso resulta em uma rede organizada de hifas interconectadas, semelhante a uma geometria fractal, denominada micélio (ARAVINDAKSHAN; MANIMOHAN, 2015; COOPER, 2018; PERRY, 2002).

BIOLUMINESCÊNCIA

  A luz emitida pelos fungos bioluminescentes apresenta coloração verde amarelada, correspondendo ao comprimento de onda que varia de 520-530 nm (DESJARDIN; OLIVEIRA; STEVANI, 2008; OLIVEIRA; STEVANI, 2009). As partes que bioluminescem nos fungos podem variar entre as espécies, algumas apresentam: o basidioma inteiramente bioluminescentes; outras somente o píleo, estipe, lamelas, micélio; ou ainda uma combinação destas partes (DESJARDIN; OLIVEIRA; STEVANI, 2008). Não se sabe o real papel ecológico da bioluminescência, porém acredita-se que ela possa beneficiar os organismos na comunicação, comportamento de corte, camuflagem, atrair presas e repelir predadores (OLIVEIRA et al., 2015; WALDENMAIER; OLIVEIRA; STEVANI, 2012).

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     8 das 27 espécies de cogumelos bioluminescentes presentes na Unidade Reserva Betary são contempladas em Bioluminescence:

     Ao final desse estudo, as condições de sobrevivência, morfologia e bioluminescência foram analisadas por meio de pesquisas e esboços em Design a fim de averiguar sua capacidade de aplicação, criação de conceitos e contribuição ao objeto final. A relação entre as duas disciplinas permite um foco no fluxo de informação e acesso a ela em diferentes níveis de realidade. Enquanto a Biologia permite investigações na razão formal, o Design cria possibilidades à razão sensível e experiencial. Resultaram desse processo, composição, conectividade, forma e estrutura.
    No atual panorama do design para sustentabilidade, o biodesign tem apresentado soluções à composição. Na definição de Myers (2012), o organismo vivo é incorporado como material, os designers fornecem um ambiente adequado de crescimento e, em troca, o organismo será incorporado como componente essencial ou executará uma função. Isso permite que os designers cultivem seus próprios materiais e, ao fazê-lo, afetem a morfologia e a plasticidade do objeto. Como consequência, há a dissolução de fronteiras entre os ambientes naturais e construídos, sintetizando novas tipologias híbridas. Em suas palavras, o biodesign permite “observar os objetos crescerem e, após o primeiro impulso, deixar a natureza, o melhor entre todos os engenheiros e arquitetos, seguir seu curso” (MYERS, 2012, p.7).

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     Tomando como referencial a pesquisa sobre possíveis aplicações do micélio à arquitetura realizada pelo Institute for Advanced Architecture of Catalonia (2013), pesquisas em biodesign apontam a composição de Bioluminescence.

    Um entrelaçado de estruturas de madeira compensada e papelão deverão conferir forma, estabilidade e rigidez ao pavilhão. 

      Os entalhes serão preenchidos com uma mistura de material micelial e substrato ideal à base de serragem e trigo para seu crescimento. O micélio deve apresentar capacidade de crescimento e adesão ao material consumindo todos os nutrientes disponíveis sem, no entanto, decompô-lo. 

     O sistema Bioluminescence, uma vez que é formado por grande número de elementos, pode ser dito sinergético. Dada sua ocorrência em quantidades heterogêneas, portador de baixa entropia. Uma vez que esses elementos se ramificam em uma variedade de tipos, é também dotado de alta qualidade e diversidade. A sensibilidade de cada um desses componentes para reagir às mudanças do ambiente confere ao sistema caráter informacional. 

     Todas essas características contribuem para a criação da complexidade do objeto arquitetônico já a partir dos comportamentos observados nos elementos escolhidos para a sua composição. A atenção dada ao uso de materiais naturais, cultiváveis e biodegradáveis, representa dimensão sígnica tal como fundamento do representamen na concepção de Pierce (1980). A natureza está presente no material e ele é comprometido com o princípio de circularidade, ou seja, o material provém de matéria prima renovável, incluindo aqui a incorporação de organismos vivos como componentes essenciais.

CONECTIVIDADE

     A aptidão para crescimento e aderência do micélio a estrutura em madeira e papelão permite ainda sua análise por meio do parâmetro conectividade, descrito como a capacidade que os elementos do agregado têm de estabelecer relações ou conexões (VIEIRA, 2000). Tais operações garantem coesão ao sistema, capaz de provocar relações de intensidade e flexibilidade entre as conexões desses compostos suficientes para mantê-lo no tempo, respondendo por uma forma de estabilidade e permanência sistêmicas. 

    Os fungos bioluminescentes em fase micelial retiram do substrato de serragem e trigo os nutrientes necessários para sua sobrevivência, determinando trocas materiais.

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    Como consequência, seu crescimento será guiado pelos entalhes da estrutura permitindo sua fixação. 

     Essa pesquisa pela construção de um espaço auto-sustentável anuncia os primeiros passos do próximo e último campo de estudo: a arquitetura. Nesse momento do processo, aprofundo a construção dos espaços e a relação estabelecida com a espécie humana por meio da funcionalidade e valor sígnico enquanto ambiente de imersão. A esse ponto, a interação entre o construído e o crescido nos leva a outro nível de conectividade, a forma que o pavilhão assume em seu aspecto final como resultado das conexões entre os componentes. Essa escolha formal deriva de pesquisas no campo da biomimética.

     Bioluminescence se origina de um processo de reconexão por meio de estudos aprofundados na busca pela compreensão do comportamento das hifas. Sua direção de crescimento, oposta ao próprio micélio, otimiza a eficiência do forrageamento e direciona o crescimento do organismo para novos espaços do substrato, de forma indeterminada, maximizando a sua utilização. De forma semelhante, Bioluminescence busca emular esse padrão a fim permitir melhor adequação ao meio. Em um ambiente de conservação da Mata Atlântica, o pavilhão apresenta preocupações éticas, ecológicas e sustentáveis em preservar a formação vegetal em seu estado original. Para isso, os corredores foram projetados com variações de largura e direcionamento, visando se adaptarem à distribuição natural das espécies vegetativas sem comprometer sua sobrevivência. É importante sinalizar que a representação visual apresentada é resultante de condições ideais e sofrerá adequações após um estudo de campo.

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Resinomycena petarensis

Mycena lucentipes

Mycena luxaeterna

Mycena fera

Mycena globulispora

Mycena asterina

Mycena oculisnynphae

Mycena viridiluscens

Galeria central:
Altura: 3m
Raio: 5m
Área: 157m²
Corredores:
Comprimento máximo: 20m
Altura e largura variantes: 
3m,; 2m; 1,2m
ÁREA TOTAL: 1.962,5m²

ESTRUTURA

      As conexões descritas até este ponto determinam relações de troca entre os componentes hierarquicamente listados na análise, observáveis desde a escala molecular até a macro escala. Os elementos descritos no parâmetro composição trocam entre si dando origem às formas expostas em conectividade que se conectam para compor a totalidade do sistema estudado. Envolvido pelo sistema ambiente, há ainda as trocas relativas à interação entre os dois impulsionadas por fatores naturais, entre a relação com a vegetação nativa, as diferenças em forças estruturais de auto carga, forças ambientais extrínsecas e forças de hidratação intrínsecas. Em sua relação com o expectador, ressalta-se sua instância sígnica. Portanto, seria possível descrever Bioluminescence em sua estrutura sob a perspectiva sistêmica, já que esse parâmetro equivale ao número de relações estabelecidas no sistema até um determinado instante de tempo (VIEIRA, 2000).
     As forças estruturais de auto carga suscitam questões como requisitos de espessura, flexibilidade e equilíbrio. As forças extrínsecas específicas do local, como luz solar e formação vegetativa informam as necessidades de iluminação e disposição dos corredores. Um sistema de paredes sobrepostas nas entradas dos corredores foi projetado para conter a entrada de luz e manter o interior do pavilhão em breu durante o dia, sendo necessários ainda testes materiais em simulação das condições locais. As forças intrínsecas necessárias à manutenção da vida fúngica como umidade relativa, inseminação de esporos e aquecimento interno, obrigam-me pesquisas e experimentos para manter a temperatura ideal entre 20 e 30°C no interior do pavilhão de forma sustentável, com pouco consumo de energia e baixo custo durante o inverno, por exemplo. Enquanto a umidade e fertilização podem ser garantidas de forma sustentável com a realização dos eventos descritos anteriormente.

INTEGRALIDADE E FUNCIONALIDADE

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Galeria central: exposições artísticas e congressos científicos

Corredores interconectados: experiência imersiva

      Essa construção de espaços entrepostos entre galeria central e corredores é acrescida de significado em sua integralidade e funcionalidade. A galeria central em formato semiesférico, semelhante ao píleo (popularmente conhecido como “chapéu do cogumelo”), ergue-se como um espaço amplo cultivado com todas as oito espécies de fungos bioluminescentes. Trata-se de uma reunião de temas e formas que criam o ambiente ideal para a realização de congressos científicos e exposições artísticas que possuem como tema central a ecologia, sustentabilidade e natureza. 
    Os corredores interconectados, por sua vez, são projetados visando a experiência do público que se permite guiar ou perder por eles. Em uma desproporção de tamanhos que contraria o real, é quase como se o visitante se permitisse andar por meio das hifas que observa como elementos constituintes das paredes em seu caminhar. As estruturas orgânicas que se projetam delas remetem aos cogumelos em crescimento retomando a estética viva (KARANA et. al., 2020). Exige-se uma participação ativa e cinética do caminhante, que imerso no escuro do pavilhão se deixa guiar pela bioluminescência desses seres. 

 

ORGANIZAÇÃO

     Como sistema possuidor de uma determinada composição, capaz de conectividade, tornando-se progressivamente estruturado, com integralidade e funcionalidade, a obra Bioluminescence é dita organizada (VIEIRA, 2000. p.18). Por último, como parâmetro sistêmico presente em todo o processo, há a complexidade (VIEIRA, 2000). Segundo Bunge (1963), pode ser subdividida em duas formas: a ontológica (a complexidade que realmente existe nas coisas), já registrada em toda a análise em parâmetros sistêmicos realizada, e a semiótica (que reside na complexidade de representações das coisas). Dessa forma, dentro da categoria de obra de arte contemporânea, faz-se duplamente sistêmico: em uma primeira instância, pela maneira como é idealizado e construído e, em um segundo momento, pelo modo de recepção, interpretação e disseminação intersistêmica via indivíduos.

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relação ecológica <> reconhecimento do sistema biológico humano como integrante do ecossistema natural.

desenvolvimento sustentável

HIERARQUIA DE SISTEMAS

     Segundo Bunge (1977, 1979), o sistema social é envoltório para quatro outros subsistemas: biológico, econômico, político e cultural. Bioluminescence, a ser exposta na Unidade Reserva Betary, é subsistema do sistema artístico, ambientado pelo sistema cultural. Em sua função, estabelece trocas com o sistema econômico ao fornecer uma alternativa para desenvolvimento sustentável e busca incentivar a formação de uma relação ecológica entre humanos e natureza por meio do reconhecimento de seu sistema biológico como integrante do ecossistema natural. O transporte de informação resultado dessas interações, gera a condição em que cada subsistema é mediado ou vem a mediar outros, comportando-se como signo, de acordo com a proposta de Peirce (1980).

VIVÊNCIA

Estética viva. Cuidado mutualístico. Habitabilidades.

     Essas relações determinam ainda pesquisa poética e relação sígnica baseada na interação entre o construído e o crescido. No artigo Living Artefacts: Conceptualizing Livingness as a Material Quality in Everyday Artefacts (2020), Elvin Karana, Bahareh Barati e Elisa Giaccardi, introduziram a noção de artefatos vivos como a incorporação de materiais vivos na vida cotidiana, criando estética e funcionalidades avançadas que estão vinculadas à vivência como uma qualidade material. Para apoiar esse entendimento, foram propostos três princípios fundamentais que permitem o entendimento de vivência como um fenômeno biológico, ecológico e experiencial, são eles: estética viva, cuidado mutualístico e habitabilidades.
     Ao considerar a estética da experiência de artefatos vivos, sua expressão temporal dinâmica torna-se evidente. O termo estética é usado aqui para indicar como aspectos da vivência se expressam no artefato e podem, portanto, ser experimentados por meio do tipo, grau e duração da mudança em um artefato vivo ao longo do tempo, suas qualidades sensoriais, forma e movimento (KARANA et. al., 2020). Em Bioluminescence, notam-se aspectos intrínsecos às qualidades do material, dentre as quais destaco a bioluminescência típica dos fungos, e aspectos que podem ser percebidos ao longo do tempo, como o crescimento dos micélios nas paredes do pavilhão incluindo o surgimento de cogumelos.

Crescimento

     O pavilhão Bioluminescence objetiva manter condições ideais de sobrevivência durante todo o ano. Nesse sentido, observa-se uma temporalidade constante ao projeto na qual o crescimento micelial pode ser observado na mudança de forma, espessura e textura das paredes por meio do contraste em longos intervalos de tempo. Com o surgimento de novas hifas, haverá aumento gradual da espessura e a superfície se tornará mais rugosa e irregular. Seu interior é integrado a estruturas de madeira e papelão em formatos fluidos e orgânicos que remetem às partes compositivas dos fungos. Haverá, portanto, uma mudança em suas formas à medida que o composto micelial se estende e se apropria delas. Seu desenvolvimento determina a formação de cogumelos que permitem uma visualização dessa temporalidade em um mesmo momento através da observação de suas diferentes fases desde a primórdia até sua fase madura para liberação de esporos.

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Bioluminescência

     A bioluminescência, por sua vez, não corresponde a uma interação física com o visitante, ela é intrínseca ao organismo e se dá apenas por processos químicos e biológicos que ocorrem em seu interior. A emissão de luz resulta da hidrólise catalisada por enzima da oxiluciferina produz ácido cafeico, que pode ser reciclado na biossíntese de hispidina através da via da estirilpirona. Como resultado desse processo, há uma conversão contínua de energia química em emissão de luz verde amarelada, correspondente ao comprimento de onda entre 520 e 530 nm, em partes que diferem conforme a espécie, quase imperceptível sob a incidência de luz solar e que adquire maior intensidade durante a noite. No pavilhão, a construção fechada contribui à percepção visual durante todo o dia reduzindo essa variação de intensidade. Uma vez que os cogumelos, parte luminosa perceptível, crescem de forma natural, há aqui uma outra qualidade da luz, sua distribuição espacial como resposta às imposições das leis naturais. Nessas condições, os seres humanos relacionam-se com a bioluminescência das espécies apenas ao garantirem condições ideais para sua sobrevivência, o que contribui para o aspecto sistêmico observado e conduz ao segundo fenômeno sígnico, seu crescimento.

     Para que todo esse ecossistema seja mantido, faz-se necessária a contribuição humana. O que retoma os princípios de cuidado mútuo e habitabilidades (KARANA et. al., 2020). Voltando a atenção para o aspecto performativo da experiência dos materiais, com o princípio do cuidado mutualístico, explica-se a relação dinâmica entre humanos e artefatos vivos como recíproca e contínua, que irá evoluir com cuidado mútuo, trabalhando para cultivar o melhor habitat para cada um. Refere-se a uma relação recíproca e em evolução, onde os humanos agem sobre um artefato vivo para que ele prospere. Em troca desse cuidado, o artefato continua a fornecer benefícios funcionais.
     Em Bioluminescence, a espécie humana relaciona-se com o pavilhão em três instâncias distintas: o momento de criação, sua manutenção e contato com o público. O momento de criação aqui descrito corresponde ao princípio de habitabilidades no qual há um esforço para o projeto do artefato vivo visando criar condições ideais para a autonomia e permanência dos materiais vivos e, por consequência, do pavilhão. As relações e interdependências são em certa medida predefinidas e aprofundadas em paralelo ao parâmetro estrutura, embora devam sofrer alterações na vida cotidiana. Quando já implantada, os organismos necessitarão de fornecimento de água para manutenção de umidade ideal e ocasionais inseminações de esporos para garantir sua reprodução. A fim de reduzir os custos e garantir sua eficiência econômica para a região, proponho a realização de eventos diários de rega das espécies aos primeiros visitantes acompanhados por um guia como incentivo à construção de uma relação com as espécies naturais e meio de educação sobre conservação. A fertilização segue a mesma proposta no formato de um evento maior com semelhante consciência, mas realizado por profissionais. Ressalta-se aqui a importância de um estudo aprofundado em parceria com especialistas nas espécies de cogumelos bioluminescentes para determinar condições ideais de rega e fertilização.

Ambiente. Autonomia. Permanência.

PERMANÊNCIA

Sensibilidade. Função memória. Autonomia.

     Segundo Vieira (2008) sistemas necessitam permanecer sob a imposição da termodinâmica universal, para isso, exploram seu ambiente, obtendo dele os recursos necessários para suas trocas. Considera-se que um sistema aberto em determinado ambiente permanece no tempo se apresentar três capacidades: sensibilidade, função memória e autonomia. A sensibilidade reside na aptidão para reagir adequadamente e a tempo às variações ou diferenças, geralmente manifestadas como fluxos de informação, que ocorrem nele mesmo ou no ambiente. O sistema deve ser capaz de reter parte desse fluxo, sob a forma de colapso relacional, a partir da progressiva internalização de relações nascidas de sua atividade interna e do contato com o ambiente, consolidando a função memória. À medida que ocorrem trocas entre o sistema e seu entorno, surge uma espécie de internalização (estoque) no sistema, denominada autonomia. (VIEIRA, 2008) 
     Em Bioluminescence, a capacidade de sensibilidade é inerente aos fungos que compõem o pavilhão. Como mencionado, eles necessitam de calor, umidade, nutrientes do substrato e fertilização para garantir condições ideais para sua sobrevivência. Enquanto objeto arquitetônico concebido por sistemas humanos, o pavilhão em fase conceitual objetiva construir um espaço em que essas condições sejam garantidas por meio da composição, conectividade, estrutura, integralidade e funcionalidade. Tais parâmetros evolutivos intrínsecos ao pavilhão foram discutidos no decorrer deste artigo. A essa altura do texto ressalto sua indissociabilidade com a espécie humana enquanto criadora e público. Na condição de criadora, cada aspecto do pavilhão, incluindo trocas com seu entorno e relação com a espécie humana, são analisadas por meio de uma visão sistêmica. Objetivo fornecer circunstâncias adequadas para que Bioluminescence seja capaz de interagir com a hierarquia de sistemas na qual se encontra, percebendo as diferenças e estabelecendo trocas energéticas, materiais e informacionais com cada um deles. Como resultado dessas interações e em soma à relação com o público, o sistema Bioluminescence torna-se capaz de reagir a essas diferenças seja na necessidade de substrato segura em sua composição, regas e fertilização incubidas aos visitantes e especialistas, observadas anteriormente dentro do princípio de cuidado mútuo. O sistema deve então internalizar parte dessas informações, desde diversidade material e energética. Essa internalização responde pela função memória e apresenta apontamentos para a garantia de sua autonomia e permanência, fazendo-se necessárias continuações à pesquisa.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

“o desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades” (BRUNDTLAND, 1987, p.46). 

      Esse pensamento conduz a uma concordância com o conceito de desenvolvimento sustentável, dado que a permanência de Bioluminescence em si mesmo visa a permanência das espécies fúngicas e, consequentemente, sua conservação para as próximas gerações. O desenvolvimento sustentável é descrito pela Comissão Brundtland no relatório “Nosso Futuro Comum” (1987) como “o desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades” (BRUNDTLAND, 1987, p.46). Define seu propósito na busca pela equidade na interação de elementos econômicos, sociais e ambientais. Ou seja, atenta-se a oferecer uma alternativa de desenvolvimento que encontre as necessidades atuais da região sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades. 

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IPORANGA

Vulnerabilidade social

ATIVIDADES ECONÔMICAS:
1.Turismo: cavernas e cachoeiras 
2.Agricultura e pecuária.    

      O município de Iporanga, onde se localiza a Reserva Betary, conforme censo de 2021, possui 4.180 habitantes. Em 2019, o salário médio mensal era de 1.9 salários mínimos. A proporção de pessoas empregadas em relação à população total era de 12.9%. Considerando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa, havia 45.3% da população nessas condições (IBGE,2021). Está entre as cidades de maior índice de vulnerabilidade social. Segundo Campos (2013), a geração de emprego é impactada pelas restrições enquanto região de preservação ambiental. Apesar de ser considerada Região Turística, PETAR, rica pela exuberância de Mata Atlântica, com montanhas, vales, cachoeiras, rios de águas cristalinas, cavernas, fauna e flora, não tem gerado sustentabilidade, sendo um dos motivos a pouca visitação por questão estrutural e de divulgação. O turismo está focado quase exclusivamente nas cavernas e cachoeiras. Isso ocorre de forma tímida em dois bairros, sendo que os demais ficam excluídos. Outras potencialidades precisam ser valorizadas, mas com planejamento (CAMPOS, 2013).
     Diante de todo o exposto, Bioluminescence visa contribuir para a economia local adicionando mais uma possibilidade turística à região. Em soma às cachoeiras e trilhas, o pavilhão de fungos bioluminescentes se apropria de uma riqueza natural de forma sustentável, ecológica e minimizando o impacto sobre o ambiente para as necessidades de geração de renda no presente, com vista para o futuro. O pavilhão busca sua viabilização através do apoio governamental ou de iniciativa privada, rentabiliza através da cobrança de ingressos para visitação ao pavilhão, participação como público em palestras e exposições artísticas, além dos eventos citados no decorrer do texto. Há previsão de formação de novos empregos em manutenção, pesquisa e gestão do pavilhão. Enquanto signo na concepção de Charles Sanders Peirce (1980), Bioluminescence parte de um objeto imediato proposto por mim na posição de observadora imediata. Aqui o aspecto formal e materialidade do trabalho (fundamento) entram como potencializadores perceptivos, somados a criação de estética viva e bioluminescência. O objeto é acessado enquanto signo pelo público na condição de interpretante dinâmico, dando origem a múltiplos objetos dinâmicos, sujeitos ao repertório de cada espectador. Nesse sentido, opera como objeto dinâmico a partir das dimensões emocionais, energéticas e lógicas, visando a mudança de hábitos.
     Essa relação de potenciais constatados por meio das análises sistêmica e semiótica, faz de Bioluminescence uma importante forma de aquisição de conhecimento e experiência. E, portanto, uma estratégia de sensibilização do espectador em relação às construções culturais sobre a natureza, aqui representada pelos fungos bioluminescentes, conferindo a ele capacidade informacional. Isso contribui para a expansão do Unwelt na definição de Vieira (2008), permitindo a emergência de uma relação mais ecológica e assim permanecer.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

        Conclui-se que o sistema aberto, altamente complexo Bioluminescence ainda em fase conceitual possui capacidade de permanência como dimensão de sua concepção, respondendo positivamente à questão ambiental proposta. Este parâmetro encontra-se enquanto instância sígnica desde os primeiros passos de sua concepção como composição, aliando-se à estética viva e bioluminescência. A contraposição entre construído e crescido contribui para uma relação ecológica mutualística entre organismos vivos e humanos na forma de público e criador.
     Como signo, oferece conhecimento para expansão do Unwelt, condição indispensável à permanência dos seres humanos no planeta e uma alternativa para desenvolvimento sustentável da região. A pesquisa abre campo para continuidade, visando maior aprofundamento em pesquisa e experimentos materiais, condições estruturais com o apoio de um engenheiro e de sobrevivência das espécies.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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